Bruno Souza
O que?

O que você não quer ver?
Vou compartilhar com vocês um pouco sobre minha infância.
Quando pequeno eu ficava muito sozinho em casa. Criava jogos para passar o tempo, pegava meus brinquedos e inventava histórias para seguir a vida.
Uma das minhas brincadeiras era deitar no chão do banheiro e olhar o azulejo. Eles formavam figuras que não significavam nada.
Na real, eu dava significado às formas abstratas.
Eu via duas pessoas se beijando, eu via um cachorro, eu via um monstro na mesma figura.
Com o passar do tempo parei de brincar disso. Para alguns nós fazemos isso com nuvens.
Já teve a experiência de olhar para o céu com alguém e enxergar uma forma e dizer para alguém que viu algo e a outra pessoa dizer que não?
Aprendi uma vez que se eu quisesse ver de tal maneira que me era apresentado eu conseguiria.
Como assim?
Na nuvem, se eu aceitasse o ponto de vista e deixasse ele se acentuar dentro de mim, eu poderia ver qualquer coisa que quisesse.
O cérebro humano é incrível. Dúvida de que seja possível?
Faça um experimento aqui comigo. Olhe para a cor da parede se estiver em casa.
Ela é branca? Cinza? Azul? Verde? Vinho? Qualquer que seja sua cor eu vou pedir que mude para qualquer outra.
Não consigo Bruno!
Não consegue mesmo? Você realmente acredita nisso?
Vamos tentar mais uma vez. Olhe! Só que dessa vez abaixe o volume dos seus pensamentos e permita ver a tonalidade da parede mudar, bem pouco, não precisa ser muito.
E ai, conseguiu?
Olhando para o azulejo da parede do banheiro eu aprendi que consigo ver qualquer coisa.
Desde que queira ver aquilo.
Quando eu parto da crença de que não vou ver, ou que não consigo.
De verdade estamos fadados a não ver.
E ai? O que você não quer ver mesmo?